terça-feira, 22 de junho de 2010

O Impacto de se Morar na Cidade Grande

Ultimamente tenho me indignado com questões do dia a dia, pois não consigo deixar de observar o impacto das diferenças sociais e culturais existentes entre o sul e o sudeste brasileiros. A questão urbana é que me choca quando faço o paralelo entre minhas origens e o atual momento que estou vivendo.

Sou gaúcho e a pouco menos de dois anos estou morando fora do Rio Grande do Sul. Morei no Rio de Janeiro, em Copacabana, por seis meses e agora moro em Santos. Confesso que minha visão de cada uma destas cidades é completamente diferente da que eu criei antes de me mudar para cada uma delas.

Sou natural de Novo Hamburgo, uma cidade com pouco menos de 200 mil habitantes e que possui uma taxa de crescimento muito modesta.

O Rio de Janeiro sempre foi visto por mim como a Cidade Maravilhosa, reduto da Garota de Ipanema, sempre foi sinônimo de guerra entre tráficantes de drogas e polícia, assim como também de favelas e pobreza. Durante o tempo que morei lá, jamais vi nada daquilo que tinha imaginado até então... Me maravilhei com o contraste entre os morros cariocas e os baixios, repletamente povoados e urbanizados. Os acidentes geológicos realmente fazem o Rio ser digno de ser chamado de Maravilhoso.

No entanto os aspectos negativos da cidade se devem mais a questão da ocupação descontrolada da cidade, especialmente quando considerado um planejamento urbano centralizador, o que faz com que a vida no Rio esteja sempre no limiar entre o belo e o caótico.

O Custo de vida no Rio é altíssimo. Não faz muito tempo, circulava por ai que na Av. Vieira Souto, em Ipanema, se encontrava o metro quadrado mais caro do mundo. Podemos com isto concluir facilmente que toda região sul da capital carioca, bem como o centro e arredores são um reduto de especuladores do mercado imobiliário, que inflaciona descontroladamente o valor dos imóveis naquelas regiões.

Em minha estada por lá nada me chamou tanta atenção como o modo que o comércio se espreme por entre os imóveis velhos e caros de copacabana. Supermercados, podiam se contar dois ou três por quarteirão, sendo pequenos e apertados, e quase sempre abarrotados de gente. Tinham um pouco de tudo, variedade e preços baixos. Me perguntava como pode, num local onde o custo para se manter um negócio é tão caro, um mercado poder ser barato? A resposta está no dono do negócio: a família do finado empresário João Sendas, que possui parte no negócio milionário da família Diniz: o Grupo Pão de Açúcar. Com supermercados espalhados por toda região sudeste, o prejuízo com as promoções é facilmente diluído entre as demais lojas.

Hoje em Santos, não é muito diferente, pois Santos está vivendo um momento de crescimento sem limites, em função do Pré-Sal e tudo o que ele representa na economia brasileira. A muito tempo a cidade não tem mais para onde se expandir e o governo inisiste em sua política centralizadora quando decide transferir a sede da UN-BS (Unidade de Negócios - Bacia de Santos, divisão da empresa Petrobras que será responsável pela exploração do Pré-Sal na Bacia de Santos) para a cidade de Santos, provocando assim um boom imobiliário na já estrangulada cidade de Santos.

Consequentemente ocorrerão a supervalorização das regiões litorâneas e a derrubada de prédios de potencial histórico. As ruas, por sua vez, permanecerão estreitas e cada vez serão mais congestionadas. Somente poderá viver em Santos alguém que realmente tenha condições de pagar. As classes menos favorecidas serão aos poucos enxotadas para as cidades vizinhas e continuarão a vir pra Santos para buscar trabalho.

O que me preocupa é o rumo que isto está tomando, sem que ninguém veja uma luz no fim do tunel, com relação ao processo urbanizador das cidades-metrópoles, que não mede esforços para atrair divisas financeiras para o município, mas que não planeja o crescimento de forma sustentável.

Em um próximo momento, quero explanar algumas idéias sustentáveis para promover o crescimento de cidades, de forma a promover o bem estar de todos.

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